[Resenha] A Soma dos Dias - Isabel Allende

こんにちは！

Konnichiwa!

Oi gente! Sim, estou trazendo mais uma resenha pra vocês! Dessa vez é um livro bem levinho, sem terror e fantasia. Quem gosta de uma leitura leve e real, com romance, drama e superação certamente vai se interessar pelo livro de hoje. Sem mais delongas, vamos ao post? 

Sinopse

Um relato memorialístico no qual Isabel Allende, autora de sucessos como A casa dos espíritos, De amor e de sombra e Inés da minha alma, conta a história recente de sua vida. Em A soma dos dias, Allende retoma a narrativa de Paula, sua primeira obra autobiográfica, relembrando os acontecimentos posteriores à perda da filha, vítima de uma doença rara O livro é, em essência, a história de amor entre uma mulher e um homem - Allende é casada com William C. Gordon, advogado e também escritor - maduros, que, envoltos por uma grande e moderna família, venceram juntos muitos obstáculos sem perder a paixão e o humor.

ISBN-13: 9788528613414

ISBN-10: 8528613410

Ano: 2008 

Páginas: 378

Editora: Bertrand Brasil

Autora: Isabel Allende

Classificação:     

A resenha de hoje é a do livro A Soma dos Dias de Isabel Allende, uma escritora chilena que ficou famosa após escrever A Casa dos Espíritos. Aqui no Brasil todos os seus livros foram publicados pela editora Bertrand Brasil. 

A Soma dos Dias é um relato autobiográfico de Isabel, ou seja, ela escreveu suas memórias, relatando toda sua jornada, desde seus dias de juventude no Chile, que era assolado por uma ditadura que obrigou sua família a fugir do país, até seus anos mais duradouros ao lado de Willie, seu grande amor que conheceu com quase 50 anos. 

Esse livro foi o primeiro contato que eu tive com a escrita de Isabel e confesso que no início achei meio parado, a narrativa extensa me cansou um pouco, mas com o passar das páginas, meu ritmo de leitura começou a acelerar e isso se deve principalmente porque a leitura começou a me envolver. Isabel narra o livro como se estivesse conversando com sua falecida filha Paula. Esta, por sua vez, morreu doente antes mesmo de completar 30 anos, o que levou Isabel a um longo período de luto pela morte precoce de sua filha. 

A Soma dos Dias também conta toda a trajetória de Isabel e Willie, um casal que mesmo se conhecendo no auge dos 50 anos, passaram por adversidades que poucos casais conseguem aguentar e ainda manter o amor. Há problemas com drogas, doenças, divórcios, traições, reconciliação e morte. O casal está sempre em frente à alguma provação. Willie por ter filhos sempre envolvidos em confusões e drogas, se vê como um pai que não soube passar coisas boas aos filhos. E Isabel, vencida pelo luto, perde a vontade de escrever e se vê quase sem vontade de continuar vivendo depois de perder sua filha que havia acabado de casar. Contudo, ela é sempre amparada por seu filho Nico, sua nora Célia e seus três netos, que ainda eram muito pequenos. Isabel e Willie passam a dividir o tempo entre terapeutas e mais problemas. 

"A gente notava que tinha vivido e sofrido, mas parecia invulnerável. E eu? O que ele vira em mim quando nos conhecemos? Quanto eu mudara nesses seis anos, especialmente durante os últimos meses? Eu também me olhava com o filtro compassivo do costume, sem me deter na inevitável deterioração fisica: seios menos rígidos, a cintura mais larga, os olhos mais tristes. O espelho do elevador me revelou o cansaço que nós dois sentíamos, mais profundo que o de minha viagem ou o de seu trabalho." 

É emocionante ler essa conversa de uma mãe para a filha. Isabel sente a presença de Paula sempre, e foi o luto que a levou a escrever um de seus mais famosos livros: Paula, em homenagem a filha falecida. Isabel conta toda sua trajetória escrevendo seus livros e o significado por trás de cada um deles, apresentando também a forma como buscava inspiração nos lugares mais incríveis do mundo, incluindo o Brasil. 

Uma das partes que mais gostei foi o encontro que autora teve com Jorge Amado, durante sua viagem ao Brasil. Ela diz que ele parece o "pai da Bahia" pois viu diversas frases e textos dele espalhados pela cidade. O Brasil foi bem importante para sua inspiração literária, mas não vou me aprofundar para não acabar com a surpresa de vocês. 

Gostei também de praticamente todas as pessoas apresentadas na história, desde sua maluca e inseparável amiga Tabra, até seu Círculo de Irmãs da Perpétua Desordem, que basicamente é formado por Isabel e algumas amigas que se mostram essenciais para vencer o luto e algumas discussões de seu relacionamento. 

"Éramos seis bruxas cinquentonas: duas cristãs, uma budista autêntica, duas judias de origem mas meio budistas por escolha, e eu, que ainda não me decidi, Unidas pela filosofia, que pode ser resumida em duas frases: "Jamais causar dano, e fazer o bem sempre que possível".

Eu adorei a Isabel. Ela é uma mulher forte, firme e bem liberal. Tem um humor quase negro e é bem franca. Willie é quase oposto. É muito conservador, de poucas falas, mas que adora debater suas ideias. Desde o início do romance nos vemos tentados a torcer pelo dois, e a cada nova tragédia, parecia que não iam conseguir se erguer de novo. Mas se um fraquejava, o outro se tornava mais forte e assim havia equilíbrio. Havia amor.

Ler a vida de Isabel e como viajar no tempo. Desde o massacre de Ruanda, até o World Trade Center. Isabe conta tudo da forma que só ela, com seu olhar afiado, sabe fazer. Queria ter lido outros romances dela antes de ler A Soma dos Dias, porque assim essa leitura teria um gostinho mais especial, porque com ela descobriria o que pensava a autora enquanto escrevia cada um de seus romance e o segredo que há por trás de cada personagem. 

Espero ter a oportunidade de conhecer mais o trabalho de Isabel Allende. Quem tiver chance, leia este livro. Apesar das tragédias, valores como amizade, perdão e, é claro, o amor ficam como moral da história. O sofrimento sempre vai existir, cabe a cada um de nós se erguer, seja com nossas próprias forças ou com a de alguém que amamos.

A autora

Isabel Allende nasceu em Lima, no Peru, no dia 2 de agosto de 1942. Apesar do local de nascimento, é considerada uma autora chilena, pois viveu no país desde muito cedo, quando sua família se mudou. A jornalista e escritora pertence ao movimento literário de realismo mágico. Na década de 80, ganhou respeito internacional ao ser considerada uma das principais escritoras latino-americanas. O primeiro livro de Allende, A Casa dos Espíritos, de 1982, fez tanto sucesso que foi adaptado para o cinema em 1993. Durante a carreira, a escritora lançou 17 livros com tradução em diversos países e línguas. A obra mais dramática da autora foi lançada em 1995, quando sua filha Paula entrou em coma. Isabel teria feito sua biografia para ajudá-la a retomar a memória caso a perdesse durante a internação. Infelizmente não foi possível, pois sua filha acabou falecendo. Apesar da perda, Allende decidiu publicar a obra mesmo assim. 

Fonte: Livraria Cultura.